Africa Basquetebol

20 novembro 2006

MOÇAMBIQUE : Nacional -- Ferroviário: uma vez rei sempre... Sua Majestade!


Numa final escaldante e imprópria para cardíacos, "locomotivas" renovam o título, mercê da sua brilhante vitória (67-60) sobre o Maxaquene

FOI o verdadeiro campeão da auto-superação! Foi o campeão que melhor soube, mesmo nos momentos mais delicados, ultrapassar todas as vicissitudes. Foi o campeão da paciência, da meticulosidade e do saber estar no lugar certo na altura certa. Foi acima de tudo o campeão que, na hora da verdade, soube colocar-se no seu lugar de grande equipa e as suas estrelas cintilaram individual e colectivamente, com este último aspecto a ter um peso extraordinário, pois a entrega global e o alto sentido de entreajuda acabaram sendo determinantes. Foi assim o Ferroviário. Foi assim Sua Majestade, na noite da sua reconsagração como o rei da bola-ao-cesto moçambicana, mercê da sua brilhante vitória, sábado à noite, sobre o Maxaquene pela marca de 67-60, na final do Campeonato Nacional de Basquetebol de Seniores Masculinos. A anteceder este embate, jogaram para o desafio de consolação Ferroviário da Beira e Académica, com triunfo destes últimos por 73-66.
Maputo, Segunda-Feira, 20 de Novembro de 2006:: Notícias

O Pavilhão dos Desportos da Beira voltou a vestir-se de gala, numa noite em que praticamente ninguém ficou em casa. O maravilhoso público assistiu a uma partida escaldante e verdadeiramente imprópria para cardíacos, com os "locomotivas" a fazerem alarde à sua grande estrutura basquetebolística, combatividade quanto baste e sobretudo o sentido do não desfalecimento, se se tiver em linha de conta que o jogo teve várias mutações no comando do marcador, situação que contribuiu sobremaneira para cada segundo, cada lance cativar a atenção dos espectadores. Foi, enfim, um duelo de gigantes que serviu de lição para a qualidade que abunda na modalidade. O Maxaquene, que repartia em igualdade de circunstâncias as possibilidades de chegar ao título, ou então do seu regresso ao trono, soube estar em campo num desafio de tamanha responsabilidade. Bateu-se como um grande senhor que é, desfrutou de ocasiões para se distanciar no "score" e quiçá correr para o "canecão", todavia, teve momentos de crise de identidade que lhe foram fatais, perante um Ferroviário que foi exemplar no aproveitamento integral dos erros do adversário.

O SORRISO DO CAMPEÃO

É verdade que, se tivesse sido o Ferroviário da Beira a sagrar-se campeão a festa teria sido mais rija e com direito a passeatas de carro e a pé pela cidade, ou melhor, Beira não teria pregado olho no sábado, contudo, ninguém pode tirar mérito à forma como este bicampeonato foi comemorado. Já antes da buzina, quando não restavam quaisquer dúvidas quanto à vitória, os "locomotivas" começaram a fazer a festa, apoiados por um público que dentro da sua imparcialidade soube dar tributo àqueles que nas quatro linhas se revelavam como os melhores. Ao infalível champanhe, o jovem técnico Carlos Alberto Niquice (Bitcho) era a figura principal, levado aos ombros pelos seus pupilos, num gesto de reconhecimento à sua perseverança e transmissão de conhecimentos que fizeram dele um grande jogador. Desde o veterano Victor "Tototi" Tamele, coleccionador de títulos, até ao encentador Gerson Novela, que conquista o seu terceiro anel de ouro pela terceira vez consecutiva, a primeira das quais, paradoxalmente, envergando o "jersey" maxaquenense, passando pelos super-combativos Helénio "Fifi" Machanguana, Octávio Magoliço e Custódio Muchate, o "pistoleiro" Bruno Dias, os contemporizadores Felisberto "Beto" Macuácua e Humberto "Beto" Matsolo, o clássico Ricardo Alípio "Castelo" e os não menos importantes Sílvio Neves "Papaíto", o congolês Eduardo Hogba e Tomás Fumo, as estrelas "locomotivas" foram brindados por uma estrondosa e merecida ovação, num dia certamente inesquecível para as suas carreiras.
DESOLAÇÃO TOTAL

Maputo, Segunda-Feira, 20 de Novembro de 2006:: Notícias

Dirigentes como Carlos Lima "Chicha", Isidro "O Gordo", o treinador adjunto Carlos Ferro "Carlinhos", assim como Carlos Aik, técnico da equipa feminina mas que emprestou a sua habilitada mão e experiência à equipa, Zinóbia Machanguana, Nádia Rodrigues e Ondina Nhampossa, jogadoras que foram tomar parte no "jogo de estrelas" e elas também se preparando para a renovação do título, juntaram-se à gala, testemunhada pelo governador de Sofala, Alberto Vaquina, certamente desencantado pelo facto de os representantes beirenses não terem feito parte desta grande final, porém, recompensado porque, por aquelas alturas, Chiveve era a capital da bola-ao-cesto nacional. Noutro lado da trincheira, a desolação era total. Olhos marejados de lágrimas, os "tricolores" eram inconsoláveis. Abraçaram os seus adversários, felicitando-os pela vitória, mas na sua face lia-se claramente a decepção, principalmente porque momentos houve em que a vitória pareceu estar ao seu alcance, mas... debalde. Horácio Martins e Belmiro Simango, tendo consigo João Chirindza, Delfim de Deus Júnior "Jujú", Roque Gonçalves vozeavam-se no levantar do astral dos jogadores, que haviam feito tudo o que estava ao seu alcance para a vitória, no entanto, encontrando pela frente um oponente mais forte, determinado e bastante combativo. Na hora da vénia à Sua Majestade, merecidos parabéns à grande família "locomotiva".