Africa Basquetebol

17 dezembro 2012

MOÇAMBIQUE : JOGOS DO SCSA - Trancar ouro com chave de ouro


A PARTICIPACÃAO moçambicana nos V Jogos do Conselho Superior do Desporto em Africa (SCSA) – Zona VI, terminou em festa. A medalha de ouro conquistada na final de basquetebol masculino frente a Angola caiu como se de uma bomba se tratasse. Foram no total 26 medalhas amealhadas nesta edição, que colocaram o pais em quarto lugar na classificação geral.
Maputo, Segunda-Feira, 17 de Dezembro de 2012:: Notícias

Angola até hoje não consegue digerir a derrota frente a Moçambique. Toda a delegação esta cabisbaixa. Ninguém quer acreditar que Moçambique, que nas três anteriores finais destes Jogos não conseguiu vencer, tenha quebrado o jejum. Os jornalistas angolanas até afirmam que no regresso a casa uma cabeça vai rolar, porque o basquetebol e andebol feminino são o seu orgulho. E feridos como de um búfalo se tratasse vão ter que tomar medidas drásticas. Alias, a selecção angolana arrumou-se até ao dentes, indo inclusivamente buscar um dos seus melhores jogadores que actua nos Estados Unidos da América. So que não sabiam que pela frente iriam enfrentar uma das melhores equipas da região austral de Africa.
Foi bonito ver aquela rapaziada, que ate ao jogo final do torneio não tinha convencido, apesar de ter vencido todos os seus adversários, incluindo a Zâmbia, que teve todo o apoio do Mundo, pelo facto de jogar em casa.
A atitude dos jogadores moçambicanos surpreendeu a todos, incluindo a nos mesmos. O espírito do grupo foi determinante para a vitória. A equipa técnica soube jogar no momento certo. Colocou as pedras fundamentais nos momentos cruciais. Soube gerir o banco quando foi necessário e quando e assim, nada mais se pode esperar senão uma vitoria. Vitoria arrancada no pais onde a 7 de Setembro de 1974 Moçambique assinou com o Governo português os acordos que culminaram com a Independência Nacional a 25 de Junho de 1975.
A festa dos moçambicanos foi de arromba. Começou no pavilhão, continuou na residência do Encarregado de Negócios de Moçambique na Zâmbia e terminou nos locais de diversão de Lusaka pela noite adentro.


O jogo

Maputo, Segunda-Feira, 17 de Dezembro de 2012:: Notícias

A quarta foi de vez. Moçambique foi bastante cauteloso neste encontro. Sabia que qualquer falha seria fatal e entrou logo a marcar. Mas depois, ainda com algum nervosismo a flor da pele, desconcentrou-se e viu Angola assumir as rédeas da partida, sem contudo perder a perspectiva que era de matar o jogo sempre fosse necessário. E terminou o primeiro período em desvantagem (8-10).
Era o aviso à navegação. O pavilhão fervia a 100 graus centígrados. O calor era intenso. Por isso era necessário rodar a bola, evitando correrias. Foi o que se viu. E o intervalo chegou com Moçambique em vantagem (21-19), através de um triplo monumental a escassos segundos do final do segundo período. Os angolanos já se apercebiam que o Moçambique de hoje não e o Moçambique de ontem que sempre torturaram.
Mas o terceiro período foi mais quente em todos aspectos. Era saco cá, saco acolá. Nas bancadas, os espectadores acotovelavam-se. Pulavam e gritavam, cada um puxando pela sua Nação.
Moçambique continuou na mó de cima. Foi a guerra, ganhou algumas batalhas e perdeu outras. O marcador oscilava, ora a favor de Moçambique, ora a favor de Angola, mas sempre por uma margem mínima. E o terceiro período terminou com os moçambicanos novamente na vanguarda, desta vez por uma diferença considerável de quatro pontos (37-33), mas insuficiente para a tranquilidade que se desejava.
Partiu para o ultimo período, o crucial e mais sofrido. Cada um puxou pelas suas pedras fundamentais. O “americano” angolano não se enquadrava no jogo, muito por culpa da boa exibição dos moçambicanos. Diga-se em abono da verdade, estes rapazes foram heróis.
O jogo corria. Os corações palpitavam a um ritmo maior. Era um jogo impróprio para cardíacos. Era desta vez que Moçambique deitava abaixo os donos do basquetebol africano, os angolanos que ficaram no silêncio como se de uma tragédia se tratasse. Levaram as mãos a cabeça, enquanto lacrimejavam. Era fim do fim. Moçambique, ironicamente, gritou: queremos desforra amanhã! Tinha ganho por 54-52.
  • Gil Carvalho, em Lusaka